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Porque pode acontecer a todos nós .
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.- Edição de 31 março, 2007 -
« Amar um " filho " , sem ser pai ... »
.Talvez seja um blog romance .
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Continuação. .
( XV Parte )
......A luz ténue do candeeiro a petróleo, iluminava os rostos do seu pai e da sua mãe . Por momentos , Vera , ficou hipnotizada a contemplar o seu pai ... Nunca o vira assim . As lágrimas , uma a uma , escorriam-lhe pelo rosto , de lenço na mão , secava-as e fungava baixinho . A sua mãe , vendo a emoção do marido , também se emocionou ... Ali estava algo , que ela nunca tinha suposto ver , o seu pai em casa de Chico , admirando o seu rebento . As voltas que a vida dá ... ( pensou ela ) .
No alpendre , os presentes , comentavam o estado do velho Justino , o tipo de pessoa que até à dias atrás ele era , a reviravolta , os tremores .
Ao Custódio , o que mais o intrigava , era o facto de o ter encontrado sentado de um lado do adro interior da ermida , e a garrafa de vinho poisada do outro lado , intacta ... Estaria o pai a tentar deixar de beber , seria devido aos avisos do cabo da Guarda , seria pelo nascimento do neto , ou seria tudo junto . E o orgulho que teve de engolir para vir a casa de Chico ver o neto . Para ele , conhecendo o pai , era tudo muito estranho ...
Chico ouvia as conversas , mas embrenhado nos seus pensamentos , caminhou até à ponta do alpendre , ainda não vira a sua amada , porque ela após ter amamentado o seu filhote adormecera , e ele não a quis incomodar ... tinha o dom de ser paciente , e com tempo há tempo para tudo ( pensou ele ) .
O luar era tão intenso que parecia dia , no silencio da noite campaniça , ao longe , do lado do centro da aldeia , ouviam-se os cantares alentejanos . Após mais um dia de trabalho no campo , os homens enchiam as vendas e adegas e ali relaxavam . Do lado dos campos , o familiar piar da coruja , que na sua ronda nocturna , se fazia ouvir ...Envolto de nostalgia , sentou-se nas escaleiras e olhou de novo a lua , à memória vieram-lhe uns versos , que em pequeno , o seu falecido pai lhe costumava recitar , naquele mesmo lugar ... . . .....................
......................."" Minha Lua Campaniça "
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.................................Meu olhar discreto
.................................Meu puro sentimento
.................................Meu amor tão perto
.................................Neste meu firmamento
.................................Passeias beleza
.................................Sigo-te com o olhar
.................................Irradias pureza
...............Não consigo parar
...............De dia não és tão bela
...............No escuro perco-me a contemplar
...............Na noite és a vela
...............Que ilumina o meu passar
.................................Tanto és crescente
.................................Como és minguante
.................................Tanto és cheia e reluzente
.................................Como nova e deslumbrante
.................................Meu olhar discreto
.................................Meu puro sentimento
.................................Meu amor tão perto
.................................Neste meu firmamento
...........Chico suspirou , e olhando para o céu fez as suas preces ( estejas onde estiveres , nunca te esquecerei meu Pai [ pensou ele ] ) . E ali continuou sentado , inspirando o cheiro campaniço , que a brisa nocturna teimava em transportar ...
Entretanto no quarto , Dona Filomena apercebeu-se que a filha acordara , e que os olhava enquanto admiravam o neto . Silenciosamente , para não acordar a novidade , aproximou-se do leito da filha , poisando o candeeiro na banquinha de cabeceira , falou baixinho :
- Acordámos-te filha ? ( perguntou ela ) .
- Foi apenas o instinto de mãe , que me alertou . ( respondeu Vera no mesmo tom ) .
O velho Justino , dando conta que sua filha tinha acordado , tratou de se compor , rapidamente secou as lágrimas , e olhou intensamente para a filha .
Vera estendeu a mão para o pai , pedindo que se aproximasse .
Justino , pé ante pé , para que as cardas das botas não acordassem o rebento , foi ao encontro da filha , trémulo segurou-lhe a mão . Vera olhou o pai nos olhos e falou em tom baixo :
- A sua bênção meu pai ...( pediu ela , ao seu progenitor ) .
Justino novamente emocionado , mas contido , apertou suavemente a mão da sua filha , e soltou docemente as palavras :
- Que Deus te abençoe ... minha filha , a ti e ao teu pequeno rebento , que me fez avô ... ( respondeu Justino ) .
Agora visivelmente emocionado , largou a mão da filha , e rapidamente saiu do quarto , de lenço na mão e secando os olhos , tomou a direcção do alpendre ...
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.- Edição de 24 março, 2007 -
« Amar um " filho " , sem ser pai ... »
Continuação. .
( XIV Parte ) .
O velho Justino entrou devagar , olhou para o Chico de soslaio , sentindo-se intimidado ... Não admira , depois de tanto ter atentado contra o rapaz , agora via-se obrigado a vergar pela força das circunstancias , afinal de contas ele salvara a sua filha e o seu neto , o destino assim o quis . Mas , neste comportamento , também havia um pouco do dedo do cabo Rosa , e dos avisos que ficaram entre as paredes do posto .
Justino , foi avançando receoso , as pernas tremiam , mas caminhou . Custódio seguiu-lhe os passos , Chico depois de fechar a porta fez o mesmo . Chegado ao inicio das escaleiras do alpendre parou , olhou as pessoas uma a uma e tirou o chapéu , o filho dando-lhe novamente um toque nas costas , incentivou-o a subir :
- Onde tens andado homem ?? ( perguntou dona Filomena ) .
O marido nada disse , apenas mostrou o que trazia na mão ... Um cavalinho de cortiça , o que despertou olhares de admiração entre os presentes ...
A noite instalara-se , a ligeira brisa que corria afugentava um pouco do calor tórrido de Agosto , nas árvores ouvia-se a passarinhada à procura de poleiro para pernoitar , num chilreio tão característico .
Caminhando devagar , para o cardado das botas não fazerem barulho , Justino deixou-se levar . Entraram no quarto , e a luz ténue do candeeiro anunciou a novidade ... Era lindo , os olhos do velho Justino alagaram-se , com muito jeitinho e a tremer , pousou o cavalinho de cortiça encostado à aba da alcofa próximo à cabeça do neto , depois tirou o lenço do bolso e secou os olhos , ali ficou a olhar perdido no tempo , como se fosse a primeira vez que visse um recém nascido ... Os olhos alagavam-se de novo e sem querer soltou um sumido gemido de choro ...
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.- Edição de 17 março, 2007 -
" PATER DEDICATU "
Concluo , com a edição de mais um episódio do romance , que tenho vindo a publicar , que se enquadra , perfeitamente , na data que se avizinha ...
..
................................." Ser pai ... "
...
.................................Tamanho de feijão
.................................Meu sonho era uma menina
.................................No meu coração
.................................Deste-me alegria
.................................Em sonho também
.................................Foste o que pedia
.................................No ventre da Mãe
.................................A seis de Junho
.................................Nem queria acreditar
.................................Maior que um punho
.................................Só sabias chorar
................................Dos meus olhos és a luz
................................A surpresa do teu aparecer
................................Pois nunca supus
................................Que te viesse a ter
................................Vi-te pequenina
................................Tamanho de feijão
................................Meu sonho era uma menina
................................No meu coração ...
.Talvez seja um blog romance .
Continuação. .
( XIII Parte ) .
.....Custódio já não sabia o que fazer , correu a aldeia de lés a lés , perguntava às pessoas que encontrava se o tinham visto , e dele nada sabia . Passou mais uma ronda pelas adegas e vendas , podia ser que se tivessem desencontrado , sem nada de novo saber . Antes de regressar a casa de Chico , passou novamente por casa dos pais , e nada ... Enquanto regressava para junto da irmã , ia pensando na dificuldade que tinha cada vez mais , em entender as manias do pai , naquilo em que as pessoas se transformam , a intolerância e a obsessão , o que o levou a ter tantas atitudes reprováveis ... O dia ia passando , o Sol cansado das alturas já havia começado a descida , à procura do aconchego da Terra . Mas o calor , esse ainda era intenso , e Custódio depois de tanto palmilhar , regressava cansado , preocupado e desiludido .
Enquanto Custódio andava nesta azáfama , em casa de Chico , os trabalhos do parto já tinham terminado . Vera adormecera depois de amamentar o filho , a pequena novidade dormia na alcofa , que aninhara todos os filhos de dona Anacleta .
Chico repunha a água gasta , as mulheres , umas na cozinha outras no alpendre , lavavam e arrumavam os utensílios utilizados no parto . Dona Filomena fazia uma barrela com as roupas da cama de dona Anacleta , quando chegou o seu filho Custódio , escalfado e com cara de caso :
- Então filho , o que é que se passa !? ( perguntou-lhe a mãe , admirada ) .
- Não acho o pai , falei com o Chico se ele podia cá vir ver o neto ... O Chico disse que sim , e eu fui à procura dele , mas não estava em casa , a égua e o cavalo estão lá , já virei a aldeia do avesso e não o encontro ... ( disse Custódio , lamentando-se ).
Dona Filomena ficou pensativa , ele estava em casa quando ela recebeu a noticia , e ele sabia o que se passava , porque ela lhe dissera ... O que o filho lhe disse ficou-lhe a remoer o pensamento . Chico vinha chegando com mais uma carga de água , Custódio foi dar uma ajuda a descarregar os cântaros , era a última viagem que ele fazia , as reservas de água ficavam novamente em ordem . Durante minutos , a mãe de Custódio, pensou e repensou onde poderia estar Justino , até que repentinamente , algo lhe veio à ideia :
- Filho ... ( chamou ela ) .
- Diga mãe . ( respondeu Custódio ) .
- Quando a tua irmã nasceu , aconteceu a mesma coisa , contigo não , ele estava no campo e só soube quando chegou a casa , mas com a tua irmã ele estava em casa , e sem darem conta ele desapareceu , o teu avô Alberto é que foi dar com ele na ermida de Santo António , era para lá que ele em pequeno fugia , quando alguma coisa mais grave lhe acontecia ... pode ser que esteja lá , vai lá ver ... Tenho esse pressentimento . ( disse dona Filomena , ao filho ) .
Custódio nem pensou duas vezes , de novo se fez à estrada ... Atravessou a aldeia de Este para Norte , por atalhos e travessas , rapidamente chegou ao sopé do outeiro , onde se localiza a ermida , ainda tinha de subir uma ladeira empedrada , que termina numa pequena escadaria que dá acesso ao adro interior da ermida . Cá debaixo não avistava ninguém , e a porta da ermida estava fechada ... Aqueles segundos de pensamento , deu tempo para recuperar o fôlego . Sem mais demoras iniciou a subida a bom ritmo , mas quando começou a subir a escadaria as pernas já tremiam . Quando entrou no adro , olhou para o lado direito de imediato , em cima do assento embutido na parede por baixo da grande janela em arco , estava uma garrafa cheia de vinho , olhou para o lado esquerdo , sendo o adro simétrico , estava o pai sentado , de cotovelos em cima nas pernas e de cabeça apoiada nas mãos . O pressentimento da mãe estava certo . Estava estático , nem dera pela sua presença . Porque raio estava ele ali naquela encenação , pensou ele ... Custódio , lentamente avançou até junto do pai e sentou-se a seu lado , o velho Justino sentindo a sua presença , levantou a cabeça olhou para o filho , e voltou à posição inicial . Assim estiveram durante alguns minutos , até que Justino falou :
- Como é que está a tua irmã ?? ( perguntou ele , de voz trémula ) .
- Não está mal , para o que lhe aconteceu ... ( disse o Custódio ) .
- Já temos gente nova ?? ( voltou a perguntar Justino , no mesmo tom ) .
- Sim pai , já é avô ... ( respondeu o filho , sem ter tempo para acabar o que dizia ) .
- E então ... ?? ( continuou ele , sem levantar a cabeça ) .
- É um menino , um valente rapagão ... Vá venha comigo , venha ver o seu neto .( disse Custódio , colocando o braço sobre os ombros do pai ) .
Justino , ergeu-se trémulo , e avançou direito à garrafa de vinho , pegou nela e deu-a ao filho . Custódio pegou na garrafa e ficou a olhar para o pai boquiaberto , enquanto ele descia as escaleiras da ermida , não o estava a reconhecer , o que é que se passava com o velho Justino , não rabiou , não berrou ... Justino chegando ao fim das escaleiras olhou para trás , e voltou a falar :
- Então , o que é que fazes aí especado ??? ( perguntou ele , ao filho ) .
Custódio acordou , desceu apressado para junto do pai , e iniciaram o caminho para casa de Chico , Justino caminhou sem nada dizer ...
Vera e o filho ainda dormiam , o Astro pouco mais tinha para dar , já se sentia uma pequena brisa , que arrastava o cheiro dos campos . Cá fora no alpendre , estavam as mulheres e o Chico , tinham acabado de matar a larica , e conversavam amenamente com algumas visitas , que entretanto tinham acabado chegar .
Para o Custódio e para o pai , a caminhada tinha terminado , Justino em frente ao portão do quintal do Chico estancou , olhou para o chão e assim esteve durante quase um minuto , levou a mão direita ao bolso das calças e tirou um pequeno cavalinho de cortiça , talhado à navalha cortiçeira , voltou a olhar para o portão e assim ficou , estancado ...
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.- Edição de 10 março, 2007 -
« Amar um " filho " , sem ser pai ... »
Continuação. .
.......................................( XII Parte ) .
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.- Edição de 06 março, 2007 -
T.R.L. ( Jamais te esquecerei ) ...
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.A hipocrisia , do monopólio da televisão .
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.................OBRIGADO MEUS AMIGOS ...
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.- Edição de 01 março, 2007 -
« Amar um " filho " , sem ser pai ... »
Continuação. .
.......................................( XI Parte ) .
Nervosissima dona Filomena , chegou a casa de Chico , os gritos de dor , ouviam-se na rua .