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.- Edição de 13 julho, 2007 -
" Natércia "
............Por fim chegou o carro puxado por uma junta de bois , do Ti Adérito , que ia ao Fundão , Natércia acompanhada de seu pai , aproveitaram a viagem anteriormente oferecida . A Covilhã ficava mais perto , mas assim poupavam no custo do bilhete do comboio . Leve ela saltou para cima do carro , o pai deu-lhe a pequena mala , seguindo-lhe a atitude com nervo . O dono ordenou , o veiculo começou a rolar , vagaroso , com o iniciar da descida a velocidade aumentou , deixando para trás aquele lugar onde ela passara toda a sua vida . Junto ao portão , a família acenava num adeus sentido , ela retribuiu , as lágrimas escorreram-lhe pelo rosto . Do povoado já pouco se via , a não ser o ponto luminoso da candeia que sua mãe segurava . Légua após légua , o carro foi avançando entre os solavancos e o desviar das ramagens , que vinham espreitar ao meio do caminho , admirando quem passava . Passadas quase três horas de viagem , começaram a passar as primeiras casas da localidade , ao passo dos animais seguiram para a outra extremidade , chegando à estação com o romper dos primeiros raios de Sol , que trespassavam a neblina matinal . Notava-se já algum movimento característico daqueles locais , depois de comprarem a passagem , encaminharam-se para o apeadeiro , iniciando a espera . As pessoas carregadas de bagagem iam-se distribuindo pelo cais de embarque , Natércia sem que o seu pai desse conta , comparou a sua pequena mala com o carrego que os demais apresentavam . O tempo passava sem pressa , a certa altura , enquanto esperavam , seu pai num movimento carinhoso , afagou-lhe os cabelos , sinal paternal de saudades antecipadas , Natércia olhou para ele e, pegando-lhe no braço , aconchegou-se , encostando a cabeça ao seu ombro , decerto que iria sentir falta da família , mas , a vida tem destas coisas ... pensou ela .
Etiquetas: Sonhos traídos
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.- Edição de 06 julho, 2007 -
" Natércia "
.........Um novo dia se avizinhava , característico , raiano . A alvorada chegava arrastando consigo a neblina namoradeira da Cova da Beira , silenciosa , assentava arraiais no sopé da serra , fazendo a terra transpirar o cheiro puro da humidade , que inundava os mais recônditos lugares serranos . Lá fora ouviam-se os primeiros sinais da alvorada , o som habitual das gentes da pastorícia ouvia-se aqui ou acolá , naquele povoado abençoado pelas abundantes pastagens em seu redor .
.........Em sua casa ouviam-se os primeiros ruídos da manhã , seus pais iniciavam a labuta , enquanto seu irmão , estremunhado , rabeava por mais uma manhã arrancado do calor da sua humilde cama , para acompanhar seu pai em mais uma jornada por entre cabras e ovelhas ao som dos chocalhos , que ecoavam naquela paisagem .
.........Natércia , há muito que estava acordada , o seu pensamento estava em qual teria sido a decisão . Ela rápido se levantou , vestindo-se apressada , seguiu para a divisão da casa de onde soavam os seus pais , iniciando o ritual matinal :
- Sua bênção , senhor meu pai . ( Cumprimentou ela o seu progenitor , beijando-lhe a mão ) .
- Que Deus te abençoe minha filha . ( Respondeu o pai , na sua rudez natural ) .
- Sua bênção minha mãe . ( Repetindo o acto , denotando-se nervosismo e ansiedade ) .
- Que Deus te abençoe minha filha . ( respondeu sua mãe , enquanto terminava de preparar as sacolas com as merendas , para o dia de trabalho . )
..........Em silencio , seu pai e seu irmão saíram de casa , seguindo o destino que os aguardava . Nada lhe foi dito . Ela sedenta de uma resposta , abeirou-se de sua mãe :
- Senhora minha mãe , senhor meu pai nada disse , o que decidiram ? ( perguntou ela , movida pela ansiedade que não a largava ).
- Ficou de pensar , espera que os ares da serra lhe sejam bons conselheiros , no final do dia ele te dirá o que decidiu . ( respondeu-lhe sua mãe , sem nada adiantar , continuando com os seus afazeres ) .
........Seria mais um tempo de angustia e de espera , que lhe consumia a alma e o pensamento . O dia foi passando igual a tantos outros , os deveres e afazeres preenchiam-lhe o pensar , mas , de vez em quando o sonho invadia-lhe o corpo deixando-a estática , vidrada nas palavras de sua prima , que ouvira pela boca de Dona Gracinda . As horas passavam , ao seu redor o mundo parecia parado , sem nada que lhe despertasse interesse ou curiosidade , simplesmente fazia o que tinha para fazer . Finalmente o dia se encaminhava para fim , o sol ia-se escondendo aos pedaços , já se ouvia , ao longe , o regressar dos rebanhos e das gentes que os acompanhavam , as rotinas continuaram até que por fim chegou a ceia e com ela as novidades . Depois de alimentar o corpo , seu pai disse-lhe em breves palavras o que decidira , os ares da serra tinham-lhe soprado de feição . Depois da ceia , visitaram Dona Gracinda , para dar resposta há carta da prima Genoveva ...
............Os dias foram passando como se fossem eternamente lentos , propositadamente . Finalmente chegou Domingo , o dia tão desejado . Natércia , nessa noite mal pregou olho , o seu pensar viajou por outras paragens , no entanto , também pensava como seria a vida ali sem ela . Não , não podia voltar atrás , desejara em demasia a oportunidade de sair dali , fazer outro tipo de vida , ajudar a família com dinheiro ganho na cidade . As horas pareciam não passar , até que por fim chegou o momento das despedidas ...
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.- Edição de 01 julho, 2007 -
" Natércia "
...............Os olhos dela sorriram , ao ouvir a voz de seu pai , Belarmino , assim era a sua graça :
Etiquetas: Sonhos traídos