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" Conversas sem ferrolho !!!? ": fevereiro 2007 *
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-  Edição de 24 fevereiro, 2007 -

 

« Amar um " filho " , sem ser pai ... »

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Continuação. .

.......................................( X Parte ) .
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.......Chegados ao posto , Justino foi logo encaminhado pelo sentinela ao cabo . Mas Custódio foi impedido de entrar no gabinete , tendo o cabo da Guarda , pedido gentilmente para esperar lá fora pelo pai . A impertinência do assunto assim o exigia . Custódio acatando o pedido do cabo , dirigiu-se para a sala de espera , e ali ficou ...
Passara-se quase hora e meia e o velho Justino continuava no interior do gabinete , nada se sabia do que lá se estava a passar ...
Devia estar a ouvir das boas , e bem que já lhe fazia falta ( pensava Custódio ) .
Em casa dos pais , as mulheres viviam novamente momentos de angustia , sem terem noticias do que se estava a passar no posto .
Durante a espera , Vera confessou as dificuldades que passara no seu casamento com Fernando . As noites sozinha , nunca lhe batera , mas era extremamente violento , das zangas que tinha com o seu próprio pai , de quando descobriu que ele andava com Pilar , a filha dos caseiros espanhóis , duma das herdades do seu sogro , as zangas que existiram por causa disso mesmo com toda a família , até que abalou ...
Enquanto , contava tudo isto , chorava ela , chorava a mãe e a cunhada era o ombro amigo que as consolava .
Entretanto , o Astro já se escondia deixando timidamente os últimos raios no horizonte . Chico e sua família chegavam a casa depois da tardada em casa da prima . Tinha-lhe feito bem , até porque com isso tinha tido oportunidade de ter visto e falado com Vera . Apesar de um dia tão atribulado , foi compensador . Não lhe saía da ideia o rosto de Vera , continuava a amá-la como nunca .
No posto da Guarda , ao fim de quase duas horas e meia , abre-se a porta do gabinete do cabo , o velho Justino sai cabisbaixo de chapéu enrolado na mão , e aparentando nervosismo ... Custódio levanta-se da cadeira e espera pelo pai , à porta do gabinete , o cabo , no momento exacto em que Custódio olhou para ele , piscou-lhe o olho em sinal de tarefa cumprida , ao que o filho de Justino esboçou um sumido sorriso em forma de agradecimento ...
Dirigiram-se devagar para casa , Custódio foi sempre ao passo do pai que nem uma palavra disse , o filho também nada lhe perguntou ... ( Jamais se saberá o que se passou naquele gabinete ) . A custo foram caminhando . Ao chegarem a casa , Justino deparou-se novamente com as mulheres , de olhos vermelhos como um cão raivoso , olhou demoradamente para a filha Vera , mas nada disse ...
Cansado e com fome , sem pedir nada a ninguém , foi para a cozinha e comeu um pedaço de pão com linguiça e azeitonas , tendo enchido um grande copo de vinho , que não bebeu todo ! Depois , calado como se mudo fosse , foi para o quarto de dormir e deitou-se ...
Cá fora no alpendre , Custódio punha a restante família a par de que nada sabia :
- Que foi que lhe disse o cabo ? ( perguntou a dona Filomena ansiosa de novidades ) .
- Não sei mãe , o cabo não me deixou entrar ... ( disse o filho ) .
- E o pai , que te disse ? ( perguntou Vera ) .
- Nada , viemos calados o caminho todo ! ( disse Custódio ) .
- Viste como ele olhou para a tua irmã ? ( perguntou-lhe Odete , a sua mulher ) .
- Vi , acho que o cabo foi bem duro com ele ... afinal de contas , e infelizmente , tudo piorou com o caso da minha irmã , e ela , coitada , sem culpa nenhuma está a levar por tabela . Pode ser que este apertão do cabo o ponha na linha ...( concluiu Custódio , mostrando já algum cansaço no tom da voz , tinha sido um dia para esquecer ... ) .
Sem mais nada poderem fazer , foram ao seu destino . Vera foi com o irmão e a cunhada para casa deles .
Já era noite escura , em casa de Chico , já estavam quase todos deitados . A acalmia e o sossego iam-se instalando na aldeia , no ar havia um cheiro a pasto seco , ao longe ouvia-se o piar de uma coruja , uma leve brisa passou espantando um pouco do calor que a terra absorvera durante todo o dia e que agora ia soltando ... Dona Anacleta estava no alpendre , sentada num cortiço apanhando um pouco do ar fresco da noite , com o filho Chico sentado nas escaleiras virado para o lado do quintal , olhando as estrelas e a imensidão do firmamento .
Aquela obsessão do seu filho por Vera começava a preocupá-la , tendo começado a conversa por aí mesmo :
- Filho , ainda gostas da Vera , não é verdade ? ( perguntou-lhe a mãe , um pouco reticente ) .
- Sim mãe , foi a única rapariga de quem gostei deveras ... ( respondeu Chico , olhando para a mãe ) .
- Mas , ela é casada , espera um filho de outro homem ... ( ia dizendo dona Anacleta , mas Chico não a deixou acabar )
- Mãe , que empecilho há nisso ?... ( perguntou-lhe o filho , com firmeza ) .
- Mas há tantas raparigas solteiras na aldeia ... ( insistiu a mãe ) .
- Gosto dela , sempre gostei , se o marido abalou foi porque assim quis , e o filho que ela tráz na barriga talvez nunca conheça o pai !! E pensando dessa maneira , todas as mulheres do mundo que estão do jeito dela nunca teriam mais nenhum homem . Mesmo assim prenha doutro , vou tentar a minha sorte , porque é dela que gosto ... tudo isto pode parecer estranho , mas estes últimos acontecimentos não me desvaneceram o pensamento ... Eu gosto dela , tal como ela é ... ( disse o Chico à mãe em jeito de confissão , sem alterar a voz uma vez que fosse ) .
- Tu é que sabes da tua vida meu filho , se é isso que queres , terás o meu apoio ...( disse a mãe , e ficando a pensar nas palavras do filho , passados alguns minutos arrematou) - Bem , já é tarde , vamos à deita que amanhã é dia de trabalho .
E assim foi , sem mais conversas cada um foi para seu quarto , Chico adormeceu a pensar na Vera ...
Aos primeiros raios de Sol , já o Chico estava passando o portão da quinta do patrão Américo , andava ele nos preparos do dia de trabalho :
- Bom dia , patrão Américo . ( disse Chico assim que o avistou ) .
- Bom dia Chico . ( cumprimentou o patrão , ao que acrescentou ) - Vamos à labuta , hoje temos muito que fazer . A carroça grande já tem a parelha de mulas engatada , carrega a dúzia de ovelhas que estão na cerca separada , que é para ir levar à do Evaristo ao Monte do Barranco .
Chico assim fez , depois de carregar os animais e fazer os preparativos para a viagem pôs-se a caminho . À saída da aldeia parou junto à bica da Picota , tirou o barril de barro de dentro do suporte de cortiça . Desceu a ladeira até à bica , encheu o barril e bebeu água . Voltou à carroça e recomeçou a viagem , o caminho ainda era longo , mas por entre covas e cabeços foi observando a passarada , na sua agitação e cânticos matinais , os coelhos que fugiam aqui ou acolá para detrás de um moita , assustados com a passagem da carroça , e embrenhado nos seus pensamentos , lá foi ele cumprir o seu dever ...
Depois de fazer a entrega , deu água às mulas e despediu-se das gentes do monte . Lembrando-se das palavras do patrão , e com a carroça descarregada , tomou caminho de regresso à aldeia mais ligeiro ...
Enquanto Chico vinha de regresso dos seus afazeres , Vera estava sozinha em casa , e aproveitando o fresco da manhã , pegou na pequena enfusa de barro , colocou-a ao quadril e foi à bica mais próxima , que era precisamente a bica da Picota . Caminhando devagar , porque a barriga já pesava , chegou à bica. Desceu a ladeira devagar e com cuidado ... Enquanto a enfusa enchia olhou para dentro do poço , um pensamento assombrou-lhe o cérebro , um arrepio percorreu-lhe a espinha , e saiu da beira do poço com uma rapidez , como se tivesse visto o diabo .
Chico vinha chegando à aldeia , já avistava a bica , ao longe viu uma mulher pôr qualquer coisa ao quadril e começar a subir a ladeira ... essa mulher , a meio da ladeira escorregou , caindo desamparada no chão rebolou até ao fundo da ladeira , ficando imóvel ...
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.Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência
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Moinante = A.J.S.B.
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Continua brevemente ..

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-  Edição de 20 fevereiro, 2007 -

 

« É carnaval , ninguém leva a mal »

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Faço aqui um intervalo , à sequência de edições que tenho vindo a fazer , isto porque a corrente época assim o obriga , serve também para arejar um pouco as ideias e fugir à rotina ... Uma pequena mostra do Carnaval saloio de Loures e seus foliões . Pouco resta do verdadeiro carnaval saloio, todo o restante já tem um toque Brasileiro . Fotos tiradas este domingo .
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Este é o meu Grupo preferido do corso carnavalesco " As Mastronças " só elas ( eles ) sabem como animar uma grande festa como é o Carnaval saloio .
Um óptimo Carnaval para todos vós .

















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-  Edição de 14 fevereiro, 2007 -

 

« Amar um " filho " , sem ser pai ... »

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Continuação. .



.......................................( IX Parte ) .
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.......Custódio preparou o velho cavalo do pai , e dirigiu-se apressado para casa dos sogros da irmã , a aldeia ainda ficava distante , e pelo caminho foi sempre pensando no raio do feitio o do pai , tinha de arranjar sempre alguma coisa para preocupar a família , mal se dava com as gentes da aldeia , só pensava no dinheiro , mas ultimamente mais no vinho , e começava a tornar-se perigoso ...
Enquanto Custódio andava nesta labuta ,Vera e a cunhada deslocaram-se a casa dos pais de Vera , tentando saber noticias de Justino . Aí ficaram a saber que ele ainda não voltara , das desconfianças de Custódio , e onde ele tinha ido . Dona Filomena chorava , já não suportava as loucuras do marido . Vera chorava pelo infortúnio , e Odete tentava acalma-las , como podia ...
Era meia tarde , o calor era abrasador , em casa da prima de Chico , a almoçarada terminara , enquanto as mulheres lavaram a loiça e arrumaram todos os utensílios , os homens arrumaram as mesas , as cadeiras e os cortiços que albergaram toda aquela gente . As crianças dormiam a sesta , as mulheres já sentadas no alpendre cochichavam e admiravam uma bela toalha rendada que Cecília andava fazendo . Os homens no quintal , sentados à sombra da velha mas imponente oliveira conversavam , sobre os trabalhos do campo , do gado , da cortiça e das novas campanhas que aí vinham .
Enquanto tudo isto se passava , Custódio chegara a casa dos sogros de Vera , sua irmã . Descera do velho cavalo e puxara a corrente que fazia tocar uma sineta no interior da quinta , tendo vindo ao portão um empregado do senhor regedor :
- Viva Custodio , de certo que anda à procura de seu pai ? ( perguntou logo o caseiro , adivinhando ali a presença do irmão da menina Vera , como por ali era tratada ) .
- É verdade , ele esteve por aqui , pelo que vejo ? ... ( perguntou Custódio , avaliando as palavras do caseiro ) .
- Sim , e vinha muito transtornado , e um tanto agressivo , mas de nada lhe valeu , o senhor regedor não se encontra por cá , está para Lisboa . Isto tem sido uma tragédia . ( disse o empregado )
- A que horas esteve ele aqui ? ( perguntou o irmão de Vera ) .
- Pouco passava da uma da tarde ... ( disse o empregado do regedor )
Pela conversa do caseiro , Custódio também ficou a saber dos feitos do cunhado . Tinha abalado para Espanha , levara com ele muito do dinheiro do pai , e que o regedor estava hospitalizado em Lisboa com problemas de coração , provocado por toda esta tragédia .
Custódio ouviu atentamente tudo o que o homem dissera . Realmente um mal nunca vem só , pensou ele e continuou a conversa :
- Não sabe para onde o meu pai foi ? ( perguntou ele ) .
- Não , ele saiu daqui todo alvoroçado , sem mais nada dizer . ( disse o caseiro )
- Bem , obrigado pela ajuda , tenho de ir ... ( disse Custódio , pensando para onde se dirigir , ao mesmo tempo que montava o cavalo )
- Tenho pena de não poder ajudar mais ... ( tinha o empregado ainda dito ).
Mas Custódio já tomava rumo novamente em direcção à aldeia , talvez se tivessem desencontrado num dos atalhos .
Justino andara pelos campos a descarregar a sua ira , já nas proximidades da aldeia , mas vencido pelo cansaço e pela ressaca da bebida desmontou da cansada égua , debaixo de um enorme sobreiro , onde se encostou e adormeceu , com o pobre do perdigueiro , também cansado deitado ao seu lado .
Em casa de Justino , uma patrulha da Guarda , voltava a passar , tendo sido colocados ao corrente dos acontecimentos . A família vivia momentos de angustia , já se fazia tarde , e nem noticias de Justino , nem de Custódio , era um verdadeiro tormento .
Enquanto Custódio viajava em direcção à aldeia , o velho Justino acorda com o sol a bater-lhe cara , torna a montar a égua e dirigiu-se para casa , onde pouco depois chegou . Cansado e com cara de poucos amigos , dá de caras com as três mulheres , que esperavam , desesperadas por noticias . Justino nem ouvia o que elas diziam , a custo desmontou da égua , pendurou a caçadeira e a cartucheira num gancho do alpendre , deixou a pobre da égua tal como estava e o cão que já mal podia andar , que logo ali se deitou . Entrou para dentro de casa , sempre com mulher e filha a pedirem contas de tais devaneios , ao que ele nada respondeu . Atirou com o chapéu para cima de uma cadeira , deitando-se de seguida na tarimba das sestas .
As mulheres deixaram-no , esperando que Custódio chegasse ...
Algum tempo depois , lá chegou Custódio , cansado , alagado em suor devido ao calor de Agosto . Assim que viu a égua suspirou de alivio , desceu do velho cavalo e foi beber água , tendo bebido quatro cocharros de água , até que tomou fôlego , tendo sido , depois , bombardeado com perguntas . Enquanto tratava dos animais cansados ia respondendo às perguntas , tendo confirmado as suas suspeitas , de que o pai tinha ido a casa dos compadres , e do que por lá se passava . Depois de tratar dos animais , e do pobre cão , perguntou pelo pai , tendo a irmã dito que estava deitado , e que nem respondera às perguntas que elas tinham feito .
Custódio , entrou em casa , e tal como tinha prometido ao cabo Rosa , arrancou o pai da tarimba e levou-o ao posto , com ele sempre a praguejar ...



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.Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência
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Moinante = A.J.S.B.
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Continua brevemente ..



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-  Edição de 07 fevereiro, 2007 -

 

« Amar um " filho " , sem ser pai ... »


.Talvez seja um blog romance .

Continuação. .

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.......................................( VIII Parte ) .
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Junto à porta do irmão Custódio , Vera conversava com a cunhada Odete e mais uma vizinha . Os olhos de Chico , brilharam , há anos que não a via , e mesmo prenha continuava linda . Conforme iam avançando , Afonso apercebendo-se da visão de Chico , deu-lhe uma palmada nas costas , dizendo :
- Estás vendo , apesar de tudo , hoje é o teu dia de sorte !! ( disse-lhe Afonso em ar de gozo ) .
- Vá lá , mata as saudades ... ( disse-lhe Vitorino , enquanto lhe dava um encontrão de brincadeira ) .
Chico sem se desmanchar , encolheu os ombros , mas o seu rosto tinha mudado completamente de feição , e sem se dar conta alargou o passo , obrigando os restantes a acompanharem-no .
Nesse instante Custódio sai de casa , com a mãe , começando a descer a rua na direcção de Chico e dos primos . No momento em que se cruzaram , Custódio parou para falar com Chico :
- Então Chico , tal correu a palestra com o cabo ? ( perguntou Custódio hesitante ) .
- Fica descansado , porque nada disse além da verdade ...( respondeu Chico em tom amistoso ) .
- E o tiro ? ( perguntou dona Filomena , receosa ) .
- Aquilo foi só para me meter medo ( pensava ele ) ... e a discussão foi a mesma do costume , ele está a atravessar um mau bocado e o vinho em nada o ajuda . ( Disse Chico , sem querer preocupar os familiares de Vera . Enquanto falava , não tirava os olhos da Vera , era mais forte que ele ) .
- Pois é , tens razão , vou agora a ver se o encontro , para o levar ao cabo da Guarda , ele precisa de uns apertões . ( disse Custódio , despedindo-se ) .
- Com calma tudo se resolve ... ( disse Vitorino para os confortar ) .
E seguiram , caminho .
Vera continuava a conversar , mas já tinha dado pela presença do Chico , mas ali ficou , como que presa pela emoção de voltar a ver o Chico .
Os três foram caminhando até chegarem à porta de casa da prima , Vitorino e Afonso cumprimentaram a vizinhança , mas Chico por último, ali ficou especado por uns segundos , até que se decidiu :
- Olá Vera , como estás , há muito tempo que não te via ... ( disse Chico numa voz quase arrancada a ferros ) .
Ignorando por completo as restantes presentes , que entraram para casa de Odete , para os deixarem a sós .
- Menos mal , a vida não me corre de feição , como tu sabes ... ( disse-lhe Vera com rubor nas faces ) .
- Tens de ter calma , e pensar na benção, que aí trazes , o resto tudo se resolve ... ( disse ele tentando anima-la ) .
- Tens razão , mas com as coisas que o meu pai faz , e aquele bandido que me abandonou ... ( disse ela começando a ficar com os olhos alagados ) .
- Tem calma , talvez até fosse melhor assim , tens de dar tempo ao tempo . Pode ser que ele volte , e o teu pai pode ser melhore . ( dizia Chico , ao contrário do que pensava ) .
- Voltar para ele , nem morta ... e o meu pai que se dane , porque vou refazer a minha vida , custe o que custar , em tudo , agradeço aos que nunca me abandonaram ... ( disse Vera , olhando para Chico com o tal brilho nos olhos , que ele tão bem conhecia ) .
- Acho bem que penses assim , mostras que és uma mulher de armas , e isso agrada-me ouvir . ( disse-lhe Chico , também com um brilho diferente nos olhos , e era o que desejava ouvir , de certa forma )
Entretanto , de dentro da casa de Vitorino alguém gritava :
- Chico , se não te despachas , passas por baixo da mesa ...
- Vai Chico , gostei de falar contigo , continuas o mesmo de sempre , calmo e atencioso ... ( disse Vera entrando em casa do irmão ).
E olharam-se , olhos nos olhos , como noutros tempos ... e aquele mútuo arrepio na pele , dizia tudo .
- Gostei de te ver Vera , cont... ( ele quis , continuar mas a voz embargara-se ) .
O que ele desejou dizer-lhe o que sentia , o quanto a amava , mas não era o momento certo , tal como a sua prima lhe dissera , é melhor dar tempo ao tempo , e ela parecia muito senhora de si .
Pelo menos não queria ver o marido , nem por sombras , já era uma grande ajuda .
Entretanto , em casa dos pais de Custódio , nem sombras de Justino . A preocupação , começava a dar lugar ao desespero . Por onde ele andaria , normalmente , quando saí a para a caça , voltava sempre para o almoço , mas o com o que acontecera nessa madrugada , pensava-se o pior . Isto estava a começar a dar com Custódio em doido , sua mãe rezava ... Foi quando Custódio se lembrou , será que ele cumpriu ,com o que prometera no dia anterior , ir a casa dos compadres , tirar tudo a pratos limpos ...



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.Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência
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Moinante = A.J.S.B.
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Continua brevemente ..


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-  Edição de 04 fevereiro, 2007 -

 

« Amar um " filho " , sem ser pai ... »

.Caro MoinanteSó



Continuação. .

.......................................( VII Parte ) .
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Dona Filomena , olhou para o Chico , os seus olhos , espelhavam uma profunda mágoa e tristeza , não conseguiu dizer uma única palavra . Custódio , colocou a mão no ombro de Chico , como que em sinal de reprovação pelo que o seu próprio pai fizera , e também nada disse . Entretanto o sentinela interveio :
- Chico , o nosso cabo já está á tua espera , vá vamos entrando . ( disse o sentinela apressando a coisa , visto estar quase na hora de almoço ) .
Dirigido pelo guarda , na companhia do primo Afonso ,até ao gabinete no cabo , tendo o mesmo mandado entrar , consentindo a presença de Afonso , e começou o discurso de imediato :
- Viva Chico ,vejo que trazes companhia , sentem-se , há muito tempo que não te via , o que é feito de ti ? ( perguntou o cabo , tentando descontrair a tensão existente no gabinete ) .
- Trabalhando , meu cabo , vida de pobre não dá para mais !! ( respondeu Chico , admirado pelo inicio da conversa ) .
- Sabes qual o motivo de te ter chamado ? ( perguntou o cabo , agora indo directo ao assunto ) .
- Sei sim , só pode ser pelo que se passou esta madrugada com o Justino , eu não me meto em zaragatas , portanto só pode ser por isso . ( disse o Chico , com toda a convicção ) .
- É isso mesmo . Sabes , aqui na aldeia tudo se sabe , e os acontecimentos depressa aqui chegam , mais uma vez fiquei desapontado com o velho Justino , e gostaria de saber o que se passou , dito por ti . ( disse o cabo , aguardando pelo relato do Chico ) .
O chico relatou minunciosamente todos acontecimentos até ao momento do disparo , da raiva que sentira , da vontade que tivera de se atirar a ele , e de zurzi-lo , de como se contivera , das perguntas que a vizinhança fizera , e que ele não respondera . E o motivo pelo qual ele fizera aquilo .
O cabo , e o primo Afonso , ouviam com toda a atenção . Por fim o cabo recomeçou :
- Sabes , isto é motivo para apresentares queixa , o que se passou é grave , o que é que pretendes fazer ? ( perguntou o cabo de forma idónea , sem querer pressionar ) .
O Chico , por momentos olhou no vago , como que esperando uma resposta da sua própria consciência , a memória dos acontecimentos assombrava-lhe o cérebro . Após várias hesitações , começou calmamente o seu discurso :
- Não , não quero apresentar queixa . Ele disparou só para me meter medo ( assim pensava Chico , desconhecendo que por sorte a égua inquieta o salvou , algo que ele desconhecia por completo ), porque julga que com a filha cá , eu tentaria alguma coisa . Aí ele tem razão , eu continuo a gostar da Vera , apesar de tudo . Depois pelo respeito que tenho pela senhora dona Filomena , que é uma jóia de pessoa , e pela amizade que tenho pelo Custódio . Apesar de qualquer risco , prefiro não o fazer !! ( disse Chico , na sua mais profunda boa vontade ) .
- Chico tu é que sabes . Mas , sabes que este homem cada vez está pior , tu não és o primeiro a ter problemas com ele , tenho aqui mais queixas , tu vê lá bem o que decides !!!! ( retorquiu o cabo admirado )
- Não , prefiro deixar as coisas como estão , sem prejuízos para ninguém ... ( insistiu o Chico com convicção ) .
- Bem , se assim é , resta-me apenas o apontamento ... mas , tem cuidado rapaz , porque eu sei de toda a história , e de facto , tenho alguma admiração por ti , e custa-me ver um homem ordeiro metido em complicações , mesmo não sendo culpado . Bem , fiz o devia ser feito , podem sair , disse o cabo já de pé , dando uma palmada nas costas de Chico . Saindo do posto Chico e Afonso , tinham à espera deles Vitorino , cunhado de Afonso :
- Então rapazes , que tal correu a conversa ?... ( perguntou ele ) .
- Nada de especial , o Chico fez o que a sua consciência mandou , e eu acho que agiu bem , depois falamos melhor , aqui não é o melhor sitio . ( disse Afonso ) .
- Tenho petisco preparado lá em casa , a tua prima fez questão de convidar a família para uma ramboia lá em casa , já está tudo à vossa espera ... ( disse Vitorino para o Chico ).
Chico sem nada dizer acenou com a cabeça , em forma de consentimento . Os três fizeram-se ao caminho , por onde passavam , as pessoas iam dando palavras de conforto ao Chico , incluindo Miguel , sobrinho de Justino , com quem também não se dava , devido às partilhas , e aos confrontos com o seu pai , tendo havido grandes conflitos , deixando-se de falar há anos .
Quando chegaram à rua , onde morava a prima Cecília , Chico teve a visão de que tanto ansiava ...





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.Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência
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Moinante = A.J.S.B.
Continua brevemente ..

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