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.- Edição de 18 agosto, 2007 -
( Mini blog-romance - Ficção ). .
( VIII Episódio )
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" Natércia "
" Natércia "
( A Sopeira Dos Sonhos Traídos )
........A grande máquina de toneladas de aço , em golfadas de vapor , aumentava o seu ritmo de marcha , ao som do habitual apito , que ecoava pelos campos das redondezas , espantando os filhos da natureza que por ali abundavam . Pujante , puxava as carruagens atrás de si engatadas , sem largar uma pinga de suor .
.......Natércia , à janela da carruagem acenava um último adeus a seu pai e , assim foi até perder de vista a estação ferroviária , iniciava assim a viagem que a levaria ao encontro dos seus sonhos .
...... A rigor perfilado , seguia concentrado no traçado como uma serpente em trilho marcado , a trás de si deixava um rasto de fuliginoso fumo expelido pela fornalha , que aquecia a caldeira com a substancia em ebulição . Ligeiro , galgava légua após légua , deixando para trás aquelas vilas e aldeias adormecidas entre serras . Algum tempo depois irrompia fulguroso por terras albicastrenses , onde descansou sem pressas . Por ali ficou , enquanto o frenesim do povo o ladeava . Cumprido o seu compromisso com o tempo , de novo se fez ouvir na ferrovia , apontando ao destino traçado , seguindo esbaforido para as campinas do Ribatejo . Aí , abraçou com amizade o Tejo , companheiro de outras tantas viagens , que daí em diante , com os seus milenares e sábios conhecimentos seria o guia da viagem até à cidade das sete colinas .
...... Natércia , absorvia cada légua da viagem , para ela tudo era novo , os seus olhos miravam ávidos tudo o que a vista podia alcançar , nem o madrugar , nem a noite mal dormida , a retiravam da sua vigia . De suave sorriso nos lábios , e colada na janela da carruagem , continuava a guardar na memória as imagens deslumbrantes , que uma a uma se desenrolavam à sua frente .
.......Sempre com o rio por perto , a locomotiva seguia o seu caminho indo ao encontro da linha do Norte . O comboio alinhado , saltava de estação em estação , de apeadeiro em apeadeiro , com a genica de quem nunca se cansava , o fumo negro largado em baforadas e , o som do apito que de vez em quando deixava escapar , assinalava a sua passagem . Imponente , por fim chegou ao Entroncamento , onde uma encruzilhada de linhas o aguardavam , serenas , sábias .
...... Após a mudança de linha e a espera habitual , a viagem continuou sem sobressaltos . Apenas se ouvia o som das rodas sobre a linha , que a fizeram recordar um antigo dito que acompanhava as brincadeiras de infância de quem sonhava viajar , pouca terra , muita terra , pouca terra , muita terra ... Ao som destas palavras retiradas do seu subconsciente e , sem que na da previsse , adormeceu derrotada pelo cansaço . A viagem no entanto continuou , a máquina na sua potência controlada pelas mãos conhecedoras , foi digerindo léguas de linha , até que sem aviso iniciou os sinais sonoros , constantes , que a acordaram . Ao longe numa ligeira curva a favor da visão , no horizonte , avistava-se a tão desejada estação ferroviária de Santa Apolónia . Entre os apitos , movimentos dos sistemas de agulhas e o som dos freios a serem accionados , adivinhava-se o fim da viagem para breve . Grandiosa e sem demonstrar cansaço a locomotiva puxando as carruagens lotadas de gente e bagagens , entrava vagarosa no telheiro da estação , anunciando o fim da tão desejada viagem ...
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.António B. (Moinante)
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.Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência .
.Continua brevemente ..
Etiquetas: Sonhos traídos