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-  Edição de 14 junho, 2007 -

 
.( Mini blog-romance - Ficção ).
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( III Episódio )
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" Natércia "
( A Sopeira Dos Sonhos Traídos )
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........Por fim acabava o dever , depois da roupa lavada e torcida colocaram de novo os alguidares de folha à cabeça , as mãos enregeladas e cansadas , quase se negavam á exigência da mente . O regresso era feito mais lento , a inclinação do terreno e o corpo moído , ordenava que assim fosse . Lentamente subiram pela vereda por entre a vegetação serrana , onde os seus intensos odores levitavam como que por magia , aos poucos o caminho ia-se encurtando , até que exaustas chegaram a casa . Clarisse , irmã de Natércia três anos mais nova ,acabara de cozinhar a sopa que a sua mãe , Dona Arminda , começara . Dera também as sopas de cavalo cansado , aos catraios mais pequenos que dormiam de novo . Era meia manhã , enquanto a mãe estendia a roupa , Natércia e a irmã , iniciavam uma nova tarefa , era a altura de limpar e voltar os queijos , no decorrer da labuta , Clarisse deu inicio à conversa :
- Natércia . ( Disse ela chamando a atenção da irmã ) .
- Sim diz . ( Respondeu Natércia ) .
- Sempre queres ir para a cidade ? ( Perguntou Clarisse , curiosa , enquanto compunha o avental branco de linho ) .
- Sim estou , lá ganhasse mais dinheiro , que depois posso mandar para cá , para ajudar os nossos pais . ( Disse Natércia de olhos a brilhar de desejo . )
- Não tens receio de ir assim para lá sozinha ? É tão longe !! ( Perguntou a irmã com alguma admiração , querendo saber das decisões da irmã ) .
- Não , se for assim como a prima Genoveva diz . Fico perto dela , sempre nos podemos ver de vez em quando , matamos saudades . ( Respondeu ela , mostrando anseio e confiança ) .
- Não sei , eu acho que tinha . Lá tão longe daqui da serra . Eu acho que vou ficar sempre aqui .( Retorquiu Clarisse , certa das suas emoções ) .
- Não sejas tola . Porque razão havia de recear ? E depois sempre é melhor do que estar aqui . ( respondeu Natércia convicta , para a irmã ) .
........O silencio voltou a emergir sereno por entre o cheiro activo dos queijos na cura . A jornada de trabalho continuava no seu passo de sempre , sem sobressaltos . Os dias passavam iguais a tantos outros , o ruído da saída do rebanho para as pastagens , era o sinal da alvorada . Lá fora ouvia o seu pai a dar as ordens a Adérito , seu irmão , que com apenas dez tenros anos , já trabalhava na vida rude da pastorícia . Escola , nenhum deles sabia o que era isso , fazia falta gente na lavoura , essas coisas eram para os meninos da cidade , ali havia que trabalhar e no duro , em troca de uma malga de sopa e um naco de broa no fundo da sacola .
.......Natércia passava os dias a pensar , como seria a cidade , as pessoas , as casas ... desejava sofregamente que uma carta chegasse , não era necessário ter muita escrita , bastava apenas a palavra " vem " , dito pela boca de Dona Gracinda , a única pessoa no povoado que sabia ler . E onde toda a gente se deslocava quando recebia correspondência . Ela incansável lia as cartas de todos , sem nada pedir em troca . Lia porque gostava e assim não esquecia , dizia ela sempre que alguém lhe pedia uma leitura .
.......Certo dia estava ela no telheiro , numa azafama a empilhar os cavacos de lenha que seu pai rachara , quando ouviu alguém a chamar por ela , ao portão da velha casa de granito :
- Natércia , Natércia ... Ó de casa !... ( Gritou o velho carteiro ) ...
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António B. (Moinante)

.Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência .

.Continua brevemente ..

Etiquetas:


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Comentários ( diga de sua justiça ) Tesoiradas : . . .
Olá Caro Amigo António Moinante,

ESte seu texto de alguém que quer partir à aventura para o desconhecido é muito interessante.
Para quem vivia na serra (ou zona rural) ir para uma grande cidade é sempre um salto no escuro. Foi assim que grandes vidas foram descobertas e tantas outrtas foram degradadas até ao mais profundo desespero.

A descoberta de novas realidades tem sempre associado o risco de se enfrentar o desconhecido. Mas se não o enfrentamos nunca chegamos a descobrir nada.

ESta é uma situação como tantas outras como sucedia no tempo dos meus pais, como sucedia nos anos de sessente do século passado quando a emigração, nomeadamente para França, esteve no auge, e como ainda sucede agora pois todos os nossos lugares com tradição no interior estão reduzidos a meia dúzia de pessoas em cada aldeia, as quais não saem dali por já não terem idade nem saúde que tal lhes permita.

Muito interessante este seu texto que já vem escrevendo há alhum tempo e pelo qual lhe dou os parabéns.

Um abraço

José António
 
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Hoje fica só um obrigada pela visita! O romance, vou voltar mais tarde para o ler, certamente! (que agora é hora de trabalho)
 
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Como gostei do teu conto...
Jhs
 
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Oh senhor, hoje só quero sair da cidade para o campo :-)
 
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Não tarda muito e vai querer fazer o inverso: partir da cidade para o campo. Vamos ver os próximos capítulos.
Parabéns.
 
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Moinante,
Por aqui, nas cidades do interior, principalmente no Nordeste, temos quadros bem parecidos. A cidade grande é o sonho de muitos, com a promessa(ilusão) de trabalho digno com recompensa, em lugar do trabalho sol a sol a troco de pouco ou quase nada.
Alguns têm sorte. Já outros....

Beijinhos
 
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Amigo Moinante...
Como admiro a nossa Natércia...
Eu sou mais Clarisse!
Amo a beleza das coisas mas perfiro observá-las (ou mesmo vivê-las) do meu canto... Estranho, não é?
Beijinho grande...
 
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O campo e a cidade. São os sonhos ou as duras realidades que fazem ir dum lado para o outro. As dicotomias deixam-nos sempre em dúvida, mas a vida é sempre feita de duas realidades antitéticas.
 
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Se ela soubesse exactamente como é a cidade grande... Isso vamos ver depois, não é? :)**
 
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Leio-te com a avidez da descoberta, conheço o quadro das nossas terras perdidas nos confins do desconhecido, espero pelos passos sonhadores de Natércia e se fosse possível ter avisado todas as Natércias que a cidade é um mundo rude, cruel, e traiçoeiro, talvez muitas ainda hoje se deliciassem com o chocalhar manso das campainhas das ovelhas e cabras pelas cercanias amadas...
Estou a adorar.

Um beijo meigo de luar perdido na quietude da serra
 
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Nesta 3ª parte da História da Natércia, continuo a relembrar os meus tempos de menina e moça. E quanta saudade tenho... dessa inocência e do querer explorar " mundos"!

Hoje, passados muitos e muitos anos... gostaria de regressar para a minha linda planície.

Fico na expectativa para saber a novidade que o carteiro tem na sua cartola...

Até breve meu querido amigo.

Abraço da

Maria
 
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Ainda hoje acontece...

Aqueles patinhos deviam ser bem mais felizes por aqui :) :)
 
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fico esperando mais.
 
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Hummm. O que trará o carteiro...lol...Espero ansiosamente pelo próximo episódio!
 
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Olá Moinante ,

Belo Conto , pelos vistos com continuação .... na vida real quantas Natercias, Carmindas e outras tantas não tiveram o mesmo sonho .... e depois ...com tantas saudades do Campo ...ficaram ....

Enfim.... são opções ...são vidas de cada um ...

Gostei mesmo !

Abraço !!
 
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O...brigada,por teres me chamado, já tinha-me perguntado, onde é que andas. Gostei desta pausa na tua históriazinha, um pouco de suspenssssse. Aguardo a continuacção, um bom fds
 
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Gostei imenso do texto!
Beijinhossss
 
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Boa tarde seu "Moinante"!
Muito obrigada pela visita.
Facultou-me um excelente pretexto para o vir visitar também e conhecer este blog que me parece excepcional.
Voltarei com mais tempo disponível para o ler.
Volte também, pois é sempre muito agradável receber novos amigos.
Desejo-lhe um excelente fim de semana.
 
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Moinante, obrigada pela tua vidita ao meu humilde cantinho...andei por aqui a passear e a deliciar-me com as tuas escritas e poemas....
Obrigada mais uma vez e aparece quendo te apetecer...
Um abraço da sonhadora
 
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Obrigada pelo comentário!
Gostei do blog!
Um super fim de semana pra ti!
 
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Obrigada pela sua visita ao meu sítio. Não vou comentar o post porque não tenho tempo para o ler agora volto mais tarde.
PS. Levei um blog da amizade comigo, é delicioso.
Abraço
 
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Como as coisas são... eu desejosa de saír da casa da cidade e passar os meus últimos dias no campo.
É tudo uma questão de perspectiva, de necessidade, de idade. Gosto dos teus personagens. Gosto da tua narrativa.

beijinhos
 
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Belo texto, são palavras como estas que nos dão vontade aparecer mais vezes.(se não se importar é claro)

Beijo
 
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É fantástico este trabalho que apresentas aqui. Parabéns.

Um abraço*
 
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Memórias que os jovens de hoje já não têm, ainda me lembro da minha mãe me falar dos pequenos almoços dos colegas dela de escola - sopas de cavalo cansado, porque se considerava ser nutritivo, ainda hoje nas aldeias o vinho assume um papel preponderante e é isso que define quando os garotos se tornam homens. A minha avó conta-me que no Inverno chegava a sangrar das frieiras por ter de esfregar a roupa toda da casa. Ela e a irmã mais velha. E depois a miragem da cidade, que encerrava outros perigos e seduções que se tornavam verdadeiras armadilhas, que muitas vezes mexiam com a dignidade que na aldeia estava intacta...

Bjs. Boa semana.
 
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Não passava por aqui faz tempo , como sempre perdi-me a ler o que escreves , é tão intenso ...

Muitos beijos amigão ...
 
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Caro amigo, um obrigado pela visita, e um bem-haja pelo blog. Voltarei, porque gosto destas coisas das cenas do próximo episódio. fiquei curiosa, e vou adicionar o link ao meu Hot Fudge, espero que não se importe.
Saudações!
 
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Uau uma carta finalmente chegou! Será que é desta que parte para a cidade? E será que os pais vão deixar?
Beijos
 
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E o coração da Natércia deve ter saltado dentro do peito! Tantos são os sonhos da juventude e como são bons. Depois, com o passar do tempo, os sonhos mudam... ou morrem.
 
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Viva:

hummm... interessante, fico na expectativa.

Abraço,
 
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O carteiro bateu á minha porta ...
Trazia uma carta...
Aqui estou
Em boa hora chegou
Nas suas palavras,mergulhei na vida do campo,que ainda tive o prazer de disfrutar com a minha Mãe e minha Avó...
Os "Alguidares" á cabeça...como eu me divertia a fazer "redilhas",a tentar colocar o alguidar á cabeça... e a tentar que ele lá ficasse... sem cair...( era muito pequenina :) )
Como era bom saborear aquela "malga" de sopa ...ou ainda de "sopas de leite"...
Mergulhei apenas nas suas Palavras e nadei... nadei...
Que belo, magnifico...a forma , o sentimento...que vivo aqui
Obrigada por me ter "chamado"
E eu vim...
Um beijo de e por este Momento de recordações:))
 
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Olá Moinante !
Passei para te dizer que o meu post "Tertúlia Mágica" é tambem dedicado a ti !

Abraço !
 
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gostei de te ler é sempre um prazer passar por aki
Beijinhos
 
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espero ansiosamente por novos "episodios" :)

Beijooo

Até já!**
 
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Até que enfim que chegou os resultados do exame à próstata da Natércia...
Desculpa ter adiantado aqui serviço,mas não me contive.
 
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Será q a palavra "vem" está escrita na carta?
Aguardo....
 
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Talvez a "carta" traga novidades...
«Alguidares» de sonhos para quem ignora as "armadilhas" da cidade.
Andar com mãos enregeladas por entre corgos e veredas da serra dificilmente encontrará na cidade um "espelho" facetado onde se possa rever magicamente favorecido.
Ainda assim, como diz o poeta, "o sonho comanda a vida"....
Talvez os alguidares de barro, reparados com «gatos» de metal, sejam a única recordação das labutas serranas ou da desertificada planície sem fim. Talvez......
Abraço
Paulo
 
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Tem um carinho pra ti lá no Som&Tom.
É de coração.
Beijinhos
 
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Gostei muita da maneira fantastica que escreve.
Fico á espera de saber o que trouxe o carteiro...
Desejo um bom Domingo e uma excelente semana.
 
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Agradeço a visita e venho conhecer o teu agradável espaço, prometo voltar...
Bom Domingo e uma Boa Semana.
Fica Bem!!
 
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Compreendo muito bem a Natércia. Se ela se habituar à cidade e um dia voltar às suas raízes... terá uma decepção... possívelmente!

Gracinda ... era o nome da minha Avó! Mas, contráriamente ao que aqui acontece, era eu quem lhe lia e, escrevia as cartas. Hoje, tenho saudades...

Fico à espera da continuação do "Ò de casa." :)

Bjs
 
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Olha, qualquer semelhança será coincidencia, mas eu já vi uma história muito parecida!! Histórias da vida por si mesma.
Vamos acompanhar...
Eu também iria para a cidade e tentaria uma coisa nova, assim nao me arrependeria nunca por não ter tentado!!
abraços
 
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Este romance transporta-me para as minhas origens, também da Beira Baixa e faz-me lembrar a vida de muitas famílias como a da Natércia, a rotina dos afazeres de casa, a ida à ribeira para lavar roupa (até ao aparecimento das máquinas de lavar nas famílias mais pobres nos anos 80). Quantas "Natércias" se encontram presentemente em Lisboa? Talvez milhares! Muitas delas sentiram grandes dificuldades para se adaptarem à grande cidade e muitas delas se perderam...
Gosto como descreves as paisagens, as falas, os sons... à Ferreira de Castro. Já leste "A lâ e a Neve"? Abraços
 
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Este comentário foi removido pelo autor.
 
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Oi amigo, eu sei como é a vida no campo porque sempre gostei de viajar pelo interior do Brasil, e eu que nasci e fui criada na cidade não sabia de nada, sempre que via um pé de fruta diferente perguntava o que era... uma tristeza... O meu sonho é viver no campo, perto da natureza, e conhecer coisas que ainda hoje me são completamente alheias...

Mas, a vida é mais ou menos isso, nunca estamos satisfeitos...

Que linda história!!
Você é demais

Beijinhos
 
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